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terça-feira, maio 04, 2004

releio muitas vezes estas palavras que o meu companheiro dos chás um dia me escreveu.


Bálsamo

para a Lebre dos Arrozais

As palavras podem ser sangue novo
Sussuradas ao ouvido em amor
Transfusão serena de vida
A um corpo pedindo carinho
À porta da sensação
Um copo de caminho vário
De sentar a alma entretecida de desejo
Junto à existência desejada do outro
União sangrenta de vida e poesia
Um cosmos corpóreo, rosado, vivo
Inundando a visão do horizonte
De palavras, bálsamos em verbo
Uma cascata corrida de sonho
À foz do quotidiano suave
Rico das riquezas do mundo
E das multidões cá dentro
De músicas e sons conhecidos
Como nomes chamando
E vozes, imagens em filmes
As palavras revelam amor
Nas veias possuídas de textos
Ilusões lavadas de fresco
Só restam como futuro bom
À impressão verdadeira das palavras

Quero dizer-te que há um outro caminho
Ao abraço do outro, um Outro.
Um caminho dos corações palpitantes
E dos idealismos inconfessáveis
Onde facas e alguidares
Se choram lamechas de toadas antigas
De frescos amores

Quero dizer-te - é isto que te quero dizer!
Que às palavras do mundo
Podes ver o mundo de outra forma
E uns olhos despertarão sobre as tuas palavras
Como as tuas palavras te despertam viva
E te fazem viva tão bem

Quero dizer-te - escuta, vou terminar baixinho
Que as palavras te guardam as veias e o olhar
Para que sintas e vejas um novo amor
No horizonte sereno do mundo habitado
Morando onde morou sempre
No sabor das palavras que deixas ser teu alimento


Chapeleiro Maluco


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