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sábado, dezembro 10, 2005

Microscópica quase,
uma migalha entre as folhas de um livro
que ando a ler.

Emprestaram-me o livro,
mas a migalha não.
No mistério mais essencial,

ela surgiu-me recatadamente,
a meio de dois parágrafos solenes.
Embaraçou-me o pensamento,

quebrou-me o fio (já ténue) da leitura.
Sedutora, intrigante.

Fez-me pensar nos níveis que há de ler:
o assunto livro
e a migalha-assunto do leitor.

(era pão a matéria consumida no meio
de dois parágrafos e os olhos
consumidos: virar a folha, duas linhas lidas
a intriga do tempo quando foi
e levantou-se a preparar o pão
voltando a outras linhas)

Fiquei com a migalha,
desconhecida oferta do leitor,
mas por jogo ou consumo
deixei-lhe uma migalha minha,
não marca de água, mas de pão também:
um tema posterior a decifrar mais tarde
em posterior leitura
alheia.

Ana Luísa Amaral



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2 Comments:

Blogger Ricardo António Alves said...

Adorável poema.

10/12/05 15:56  
Blogger lebredoarrozal said...

muito

11/12/05 23:45  

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