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quinta-feira, novembro 24, 2011

Remorso

Durante a leitura nocturna
descia, às vezes, as escadas
e procurava no escuro, dentro
de um cesto, uma forma
redonda. Na quadra iluminada
do quarto, mordia depois a maçã
vermelha escura. Era enorme o ruído
dos dentes, no silêncio dessa hora
tardia e irremediável a culpa
de ter destruído aquela polpa húmida
de onde pendia o descarnado pé
no íntimo saber de pequenas sementes
que podia perfeitamente
ter apodrecido em paz.




Inês Lourenço



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1 Comments:

Blogger Teresa Margarida Costa said...

Giro, interessante, inspirador... Antes todos os nossos remorsos fossem por hábitos tão saudáveis ;)

27/11/11 16:46  

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