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quinta-feira, abril 25, 2013

25 de Abril, Sempre!

Cada dia tenho menos uma letra,
uma boca e a mão para a dizer.
Fui colhendo a noite, palavras surdas,
o silêncio que a morte continua
sob a pele da madrugada.
Cada dia tenho menos um coração,
menos uma noite. Resta-me a memória
de abril dentro um copo de esquecimento,
o fundo da liberdade
que alguém bebeu de nós:
a canção morena da alegria,
o cravo ao rubro de fundir a paz.
Menos uma boca, uma criança
alada. Menos uma cidade onde a esperança
se cola ao rosto. Os meus passos presos
ao chão são menos o olhar que a manhã
oferece. Mas era uma vez e aconteceu
um dia, em todos os outros desse dia,
por muito tempo e ainda agora:
acordar, pôr o café na chávena
e barrar o pão com a liberdade.





Rosa Alice Branco











a sobrinha maravilha e o 25 de abril

quarta-feira, abril 24, 2013


Sinto o crepúsculo nas minhas mãos. Chega através do loureiro doente. Não quero pensar, nem ser amado, nem ser feliz, nem recordar.
Só quero sentir esta luz nas minhas mãos
e desconhecer todos os rostos e que as canções deixem de pesar no meu coração
e que os pássaros passem diante dos meus olhos e eu não note que se foram.




Antonio Gamoneda




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segunda-feira, abril 22, 2013

Apanhei o cabelo
em rabo de cavalo
agora a minha solidão
vê-se melhor
vê-se tão bem
como a minha face

E a minha face
é desassombrada
as sombras
não são minhas




Adília Lopes



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sexta-feira, abril 19, 2013


COM O PERDÃO DOS PÁSSAROS


Escrevo estas palavras
sobre a antiga pele das migrações.

Que me perdoe o bosque

Uma sombra de pássaro
há na alma desta página
uma sombra de pássaro.

Perdoem-me
se não voo.




gustavo tatis guerra




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quinta-feira, abril 04, 2013

As coisas nas pontas dos dedos




Cortam os vasos, as veias. Minúsculas,
as coisas nas pontas dos dedos
são feitas de vidro partido.
Invisíveis aos olhos, levam com elas
as nossas impressões
digitais.





Inês Fonseca Santos






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